Vinte oito passos percorridos,
o corpo avança sem vontade
em uma estrada vazia.
Vinte oito dias sem você,
o coração enfraquece
em um sangue diluído
vinte oito mil palavras
engasgadas na tristeza do fim,
que já dura há tanto tempo.
Sobem os créditos, a sala vazia
mas continuo esperando uma próxima sessão.
A vida presenteia certezas
destrói esperanças e sonhos
de reparação.
O último desejo se apaga no sopro
acabou a chama mas as luzes
se acendem outra vez.
Às vezes me pergunto para quem,
Para quem você faz versos?
Quem recebe os seus abraços?
A quem você dedica os seus livros?
Não mais a mim.
Te aceno de longe,
e volto para minha dor.