sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Platéia de um só

Sou eu o meu lugar comum.
Da janela avisto os transeuntes
cumprem o ir e vir de direito
Sou platéia do espetáculo das mil faces
Dispenso Bravo!, contenho aplausos, escondo flores.
Na arquibancada questiono meu papel
absorvo dores, decoro falas e esboço expressões
Mudam-se as luzes, os cenários, os atores
mas o público é fiel, único e indivisível
Sem censuras, sem guias. Não mais!

Você foi embora e deixou em branco o em diante
Desde então as cortinas estão sempre abertas,
o palco virou arena e me puseram no centro
Minha poltrona continua sendo o castelo de areia
construído a 30 anos atrás, solidificado com a decadência
do tempo, do vento e das águas salubres
Alguém susurrou a liberdade no meu ouvido
Era a setença do astronauta, ser jogado no espaço
Voar pelo céu não é liberdade, é solidão.
Amanheço sem tuas direções e permaneço
Paralisia. A tua gota de piedade não foi suficiente.
Minha autopiedade deseja a sorte de um buraco negro.


Um abraço, a sete palmos do chão.

Nenhum comentário: