Era um dia claro. Anunciando a presença do que estava por vir, os raios tocavam sua pele delicadamente. A água gotejava e se espalhava refletindo o brilho intenso do acaso.
Era um dia claro, quando tudo começou. A purificação da mente através de uma intersecção de sentidos. As dúvidas freqüentes que a preenchiam continuavam vivas, mas naquele instante não importavam mais, pois tudo estava claro.
É como mágica quando a luz invade e toma todos os espaços. Desaparece tudo ao redor. Só há luz e imensidão, luz e imensidão, luz e imensidão. Esta última é constantemente confundida com o nada pela sua grandeza, mas o nada é a ausência, e a ausência da luz é a escuridão, e a ausência de escuridão é a luz, e a ausência completa de qualquer coisa seria o nada.
Era um dia claro. Havia luz e imensidão e tudo o mais se escondia, inclusive o nada. Ela se sentia purificada ao ponto de esboçar um sorriso. Felicidade parecia um termo arcaico para exprimir a sensação. Era sublime, era calmo, mas não era feliz, nem triste.
Falava sempre das sensações que sentia, pois as compunham. A palavra sentimento era como uma pancada constante em seus ouvidos. Por ela media a mentira e suas frases prontas – Sinto muito, diziam. Sinto muito. O dela não era usado em convenções, por isso era sincero.
Era um dia claro. O sol refletia sua pele branca e a água a percorria quando ela apareceu janela adentro. Era negra como o ébano e voava em espiral pelo seu corpo. Pairava com esplendor enquanto por fora aquele corpo iluminado era inundado.
Era um dia claro. A borboleta pousou em sua janela e a observou. As duas se olharam, se estranharam e sentiram, sentiram muito. Aos poucos voltavam as obrigações para sua mente. A imensidão era preenchida por elas. A luz se apagava. A água cessava. E ela dizia adeus. Era hora de ir.
Era um dia claro. Não havia luz, nem água e a borboleta a via partir. Descia as escadas e seguia seu destino imaginando se a borboleta estaria lá quando retornasse, se voaria ao seu redor, se alcançaria seu olhar novamente.
Era um dia claro. Por dentro não havia mais luz, mas lá fora era insistente. O sol inundou seu corpo, mas não era como a água. Transpassou. E o vento, querendo seguir a luz, abriu um buraco em seu peito. Esboçou outro sorriso com o vento e seguiu.
A noite precedeu o dia e ela retornou. Subia as escadas enquanto seu coração saltitava. Estaria ainda lá, a borboleta? Queria vê-la voar, queria poder encará-la, queria conhecê-la, senti-la novamente e um pouco mais. Mas no fundo sabia, tinha certeza que não estaria lá. A borboleta não a pertencia.
Foi dormir para esquecer a escuridão, pois sabia que o dia a precede. Acordou. Era um dia claro, mas não como o de ontem. Não fora inundada pela luz, nem acariciada pelas águas e sentia, sentia muito por saber que aquela borboleta nunca mais retornaria.
Era um dia claro, quando tudo começou. A purificação da mente através de uma intersecção de sentidos. As dúvidas freqüentes que a preenchiam continuavam vivas, mas naquele instante não importavam mais, pois tudo estava claro.
É como mágica quando a luz invade e toma todos os espaços. Desaparece tudo ao redor. Só há luz e imensidão, luz e imensidão, luz e imensidão. Esta última é constantemente confundida com o nada pela sua grandeza, mas o nada é a ausência, e a ausência da luz é a escuridão, e a ausência de escuridão é a luz, e a ausência completa de qualquer coisa seria o nada.
Era um dia claro. Havia luz e imensidão e tudo o mais se escondia, inclusive o nada. Ela se sentia purificada ao ponto de esboçar um sorriso. Felicidade parecia um termo arcaico para exprimir a sensação. Era sublime, era calmo, mas não era feliz, nem triste.
Falava sempre das sensações que sentia, pois as compunham. A palavra sentimento era como uma pancada constante em seus ouvidos. Por ela media a mentira e suas frases prontas – Sinto muito, diziam. Sinto muito. O dela não era usado em convenções, por isso era sincero.
Era um dia claro. O sol refletia sua pele branca e a água a percorria quando ela apareceu janela adentro. Era negra como o ébano e voava em espiral pelo seu corpo. Pairava com esplendor enquanto por fora aquele corpo iluminado era inundado.
Era um dia claro. A borboleta pousou em sua janela e a observou. As duas se olharam, se estranharam e sentiram, sentiram muito. Aos poucos voltavam as obrigações para sua mente. A imensidão era preenchida por elas. A luz se apagava. A água cessava. E ela dizia adeus. Era hora de ir.
Era um dia claro. Não havia luz, nem água e a borboleta a via partir. Descia as escadas e seguia seu destino imaginando se a borboleta estaria lá quando retornasse, se voaria ao seu redor, se alcançaria seu olhar novamente.
Era um dia claro. Por dentro não havia mais luz, mas lá fora era insistente. O sol inundou seu corpo, mas não era como a água. Transpassou. E o vento, querendo seguir a luz, abriu um buraco em seu peito. Esboçou outro sorriso com o vento e seguiu.
A noite precedeu o dia e ela retornou. Subia as escadas enquanto seu coração saltitava. Estaria ainda lá, a borboleta? Queria vê-la voar, queria poder encará-la, queria conhecê-la, senti-la novamente e um pouco mais. Mas no fundo sabia, tinha certeza que não estaria lá. A borboleta não a pertencia.
Foi dormir para esquecer a escuridão, pois sabia que o dia a precede. Acordou. Era um dia claro, mas não como o de ontem. Não fora inundada pela luz, nem acariciada pelas águas e sentia, sentia muito por saber que aquela borboleta nunca mais retornaria.
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