Por aqui, aquela vontade estranha de você o tempo todo.
Tento te matar, pois é assim que funciono. Mato pra eliminar o medo.
Eu não sei os meus porquês, imagino os seus.
Te quero tanto que é impossível conceber que me queiras na mesma proporção.
Por isso tento te matar, entende?
Espero.
Deixo o vazio me preencher. Ele será minha arma, pois já conheço aqueles caminhos.
Não conheço os teus. Mas sempre te imagino como um território minado.
Talvez por ter pisado onde não devia duas vezes, talvez não. Já nasci assim.
Deve haver uma maneira de você mudar isso, mas não me pergunte, pois não a conheço.
Então,
Por enquanto, é o que posso advertir.
Tentarei te matar, amor.
sábado, 21 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
And her infinite sadness
Era tarde
e ela voltava
no tempo,
lembranças se misturavam
mas o sentimento era igual
anos atrás
havia sonhos
os mesmo de hoje
mas a esperança era maior
que a solidão
e ela voltava
no tempo,
lembranças se misturavam
mas o sentimento era igual
anos atrás
havia sonhos
os mesmo de hoje
mas a esperança era maior
que a solidão
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
A Borboleta
Era um dia claro. Anunciando a presença do que estava por vir, os raios tocavam sua pele delicadamente. A água gotejava e se espalhava refletindo o brilho intenso do acaso.
Era um dia claro, quando tudo começou. A purificação da mente através de uma intersecção de sentidos. As dúvidas freqüentes que a preenchiam continuavam vivas, mas naquele instante não importavam mais, pois tudo estava claro.
É como mágica quando a luz invade e toma todos os espaços. Desaparece tudo ao redor. Só há luz e imensidão, luz e imensidão, luz e imensidão. Esta última é constantemente confundida com o nada pela sua grandeza, mas o nada é a ausência, e a ausência da luz é a escuridão, e a ausência de escuridão é a luz, e a ausência completa de qualquer coisa seria o nada.
Era um dia claro. Havia luz e imensidão e tudo o mais se escondia, inclusive o nada. Ela se sentia purificada ao ponto de esboçar um sorriso. Felicidade parecia um termo arcaico para exprimir a sensação. Era sublime, era calmo, mas não era feliz, nem triste.
Falava sempre das sensações que sentia, pois as compunham. A palavra sentimento era como uma pancada constante em seus ouvidos. Por ela media a mentira e suas frases prontas – Sinto muito, diziam. Sinto muito. O dela não era usado em convenções, por isso era sincero.
Era um dia claro. O sol refletia sua pele branca e a água a percorria quando ela apareceu janela adentro. Era negra como o ébano e voava em espiral pelo seu corpo. Pairava com esplendor enquanto por fora aquele corpo iluminado era inundado.
Era um dia claro. A borboleta pousou em sua janela e a observou. As duas se olharam, se estranharam e sentiram, sentiram muito. Aos poucos voltavam as obrigações para sua mente. A imensidão era preenchida por elas. A luz se apagava. A água cessava. E ela dizia adeus. Era hora de ir.
Era um dia claro. Não havia luz, nem água e a borboleta a via partir. Descia as escadas e seguia seu destino imaginando se a borboleta estaria lá quando retornasse, se voaria ao seu redor, se alcançaria seu olhar novamente.
Era um dia claro. Por dentro não havia mais luz, mas lá fora era insistente. O sol inundou seu corpo, mas não era como a água. Transpassou. E o vento, querendo seguir a luz, abriu um buraco em seu peito. Esboçou outro sorriso com o vento e seguiu.
A noite precedeu o dia e ela retornou. Subia as escadas enquanto seu coração saltitava. Estaria ainda lá, a borboleta? Queria vê-la voar, queria poder encará-la, queria conhecê-la, senti-la novamente e um pouco mais. Mas no fundo sabia, tinha certeza que não estaria lá. A borboleta não a pertencia.
Foi dormir para esquecer a escuridão, pois sabia que o dia a precede. Acordou. Era um dia claro, mas não como o de ontem. Não fora inundada pela luz, nem acariciada pelas águas e sentia, sentia muito por saber que aquela borboleta nunca mais retornaria.
Era um dia claro, quando tudo começou. A purificação da mente através de uma intersecção de sentidos. As dúvidas freqüentes que a preenchiam continuavam vivas, mas naquele instante não importavam mais, pois tudo estava claro.
É como mágica quando a luz invade e toma todos os espaços. Desaparece tudo ao redor. Só há luz e imensidão, luz e imensidão, luz e imensidão. Esta última é constantemente confundida com o nada pela sua grandeza, mas o nada é a ausência, e a ausência da luz é a escuridão, e a ausência de escuridão é a luz, e a ausência completa de qualquer coisa seria o nada.
Era um dia claro. Havia luz e imensidão e tudo o mais se escondia, inclusive o nada. Ela se sentia purificada ao ponto de esboçar um sorriso. Felicidade parecia um termo arcaico para exprimir a sensação. Era sublime, era calmo, mas não era feliz, nem triste.
Falava sempre das sensações que sentia, pois as compunham. A palavra sentimento era como uma pancada constante em seus ouvidos. Por ela media a mentira e suas frases prontas – Sinto muito, diziam. Sinto muito. O dela não era usado em convenções, por isso era sincero.
Era um dia claro. O sol refletia sua pele branca e a água a percorria quando ela apareceu janela adentro. Era negra como o ébano e voava em espiral pelo seu corpo. Pairava com esplendor enquanto por fora aquele corpo iluminado era inundado.
Era um dia claro. A borboleta pousou em sua janela e a observou. As duas se olharam, se estranharam e sentiram, sentiram muito. Aos poucos voltavam as obrigações para sua mente. A imensidão era preenchida por elas. A luz se apagava. A água cessava. E ela dizia adeus. Era hora de ir.
Era um dia claro. Não havia luz, nem água e a borboleta a via partir. Descia as escadas e seguia seu destino imaginando se a borboleta estaria lá quando retornasse, se voaria ao seu redor, se alcançaria seu olhar novamente.
Era um dia claro. Por dentro não havia mais luz, mas lá fora era insistente. O sol inundou seu corpo, mas não era como a água. Transpassou. E o vento, querendo seguir a luz, abriu um buraco em seu peito. Esboçou outro sorriso com o vento e seguiu.
A noite precedeu o dia e ela retornou. Subia as escadas enquanto seu coração saltitava. Estaria ainda lá, a borboleta? Queria vê-la voar, queria poder encará-la, queria conhecê-la, senti-la novamente e um pouco mais. Mas no fundo sabia, tinha certeza que não estaria lá. A borboleta não a pertencia.
Foi dormir para esquecer a escuridão, pois sabia que o dia a precede. Acordou. Era um dia claro, mas não como o de ontem. Não fora inundada pela luz, nem acariciada pelas águas e sentia, sentia muito por saber que aquela borboleta nunca mais retornaria.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Esboço
Enquanto o tempo corre em linha reta, fazendo curvas que simulam uma salsa moderna, ela olha desesperada em todas as direções, não sabe dizer onde está sendo levada, mas ao menos tem consciência da farsa que a tão pronunciada liberdade carrega.
Percebe que se esvai. Ao longo do caminho sobram apenas os rastros.
Não há como segurar o tempo, que está sempre constante em sua dança. Passos milimetricamente contados - perfeitos e eternos. Mas ela não, não consegue acompanhar o ritmo daquela salsa e de repente pára. Olha pra trás e vê todas aquelas formas, os caminhos que percorreu, os diferentes ritmos e sons. Tudo o que passou está sumindo, foi transformado em poeira cósmica pelo tempo.
Esta poeira a compõe. A matéria é feita do agora. E o futuro é um esboço abstrato. Talvez morrer seja isso, ela pensa - O presente se decompondo na dança do tempo até não restar esboço algum do amanhã.
Percebe que se esvai. Ao longo do caminho sobram apenas os rastros.
Não há como segurar o tempo, que está sempre constante em sua dança. Passos milimetricamente contados - perfeitos e eternos. Mas ela não, não consegue acompanhar o ritmo daquela salsa e de repente pára. Olha pra trás e vê todas aquelas formas, os caminhos que percorreu, os diferentes ritmos e sons. Tudo o que passou está sumindo, foi transformado em poeira cósmica pelo tempo.
Esta poeira a compõe. A matéria é feita do agora. E o futuro é um esboço abstrato. Talvez morrer seja isso, ela pensa - O presente se decompondo na dança do tempo até não restar esboço algum do amanhã.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Ensinamentos da morte
A morte me ensinou
a deixar o passado onde está.
A vida tem pressa
E enquanto esteves entretido,
o tempo abriu as portas.
Ficastes só dentro de casa,
o sol refletia durante as manhãs,
mas não podias sentí-lo por completo.
O vento não te acariciava
E todo aquele amor,
todo aquele amor que eu tinha para ti,
estragou do lado de fora.
a deixar o passado onde está.
A vida tem pressa
E enquanto esteves entretido,
o tempo abriu as portas.
Ficastes só dentro de casa,
o sol refletia durante as manhãs,
mas não podias sentí-lo por completo.
O vento não te acariciava
E todo aquele amor,
todo aquele amor que eu tinha para ti,
estragou do lado de fora.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Futuro
Hoje sonhei com você.
Nossos tempos mudavam de direção. Você, com o braço quebrado, me deixava na escola, sorria e me dava um beijo de despedida. Eu, assustuda, questionava o porquê do abandono e porque ali se já estava diplomada.
Era a materialização inconsciente da minha vontade.
Ontem sonhei com você.
Me olhavas tão fundo, mas a uma distância que me feria incessante.
Foi assim o nosso amor, verbo substantivado proferido por um.
No início tu vinhas e eu me afastava, até que me tomastes e eu me entreguei. Agora me diz um adeus calado.
O silêncio me mata, amor, o que posso fazer além de te retribuir verbalizando?
Sinto dizer que estavas certo; palavras são tudo o que temos. Mas não era pra ser assim.
Amanhã nos despediremos e voltaremos a dormir.
E eu que sonhava sempre com mortos, voltarei a desejar o céu no meu purgatório eterno.
Nossos tempos mudavam de direção. Você, com o braço quebrado, me deixava na escola, sorria e me dava um beijo de despedida. Eu, assustuda, questionava o porquê do abandono e porque ali se já estava diplomada.
Era a materialização inconsciente da minha vontade.
Ontem sonhei com você.
Me olhavas tão fundo, mas a uma distância que me feria incessante.
Foi assim o nosso amor, verbo substantivado proferido por um.
No início tu vinhas e eu me afastava, até que me tomastes e eu me entreguei. Agora me diz um adeus calado.
O silêncio me mata, amor, o que posso fazer além de te retribuir verbalizando?
Sinto dizer que estavas certo; palavras são tudo o que temos. Mas não era pra ser assim.
Amanhã nos despediremos e voltaremos a dormir.
E eu que sonhava sempre com mortos, voltarei a desejar o céu no meu purgatório eterno.
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